Pensamos neles com a nostalgia de quem sabe que é impossível voltar a vivê-los e senti-los...
Mas dizem, que recordar o que foi sofrimento e tristeza, não é agradável, nem deixa qualquer saudade.
Seja como for, esquecer acontecimentos vividos, nossos ou de outrem, quer tenham sido bons ou maus, é tambem dificil, senão impossível...
Mais dificil é, tambem senão impossivel recordar momentos vividos por outros...
Amanhã comemora-se mais um 25 de Abril...
Não vivi, nem tão pouco senti as repercurssões imediatas de tal data, pois nem sequer era nascido à data...
Tive a sorte, de ter tido incutido pelo meu pai, que viveu de forma mais intensa essa data e datas anteriores à mesma, o espirito de entrega que ele viveu...
Foi apenas um militante, como tantos outros...
O que sei dessa data, das lutas e de tanta entrega foi-me transmitido também por ele, por amigos dele,Camaradas de Concelhia e até pessoas que estiveram presas nos mais diferentes locais, como Peniche,Tarrafal e Caxias, antigos membros que operavam a luta diária na clandestinidade, fazendo pequenas reunioes em velhas adegas, pessoas que foram intimidadas a depor e a denunciar outros...
Dizem que na vida há um tempo para tudo...
Tempo para nascer e tempo para morrer,tempo para amar e tempo para odiar,tempo para prazer e tempo para sofrer...
Há 30 anos, era um tempo de sofrimento, mas também o era de resistência e de esperança...
Sofrimento pela vida que se levava, pela sua dureza.
Pela dureza da luta que se travava em condições desiguais...pelo aparente terror intimidatório!
Mas a par deste terror, subsistia o sentimento de esperança.
Algumas vidas, valiam menos que um fósforo queimado, mas mesmo assim a esperança não abandonou alguns...
Parafraseando um velho camarada, já falecido e que muito gostava de incutir na Jota, o espirito de luta e de intervenção, “ a tenebrosa noite em que viviam, cedo ou tarde daria lugar aquela bela e radiosa manhã de sol”!
Sol esse, que deveria nascer para todos por igual, mas que nascia somente para alguns na altura...
O pensamento era livre, como sempre foi e o é, mas a forma como se podia exprimir esse mesmo pensamento era muito condicionada...muito mesmo!
Hoje pensamos de forma mais livre, muito mais livre certamente, podendo exprimir o que nos vai na alma, sem corrermos o risco de alguém do SIS no bater na porta, ou entrar até via MSN dentro...
Hoje, não temos medo...de ser livres!
A isso devemos agradecer a alguns homens, que recusaram a aceitar que a sua passagem pela terra, por Portugal se resumiria somente a nascer, viver e morrer!!
Afinal, se entre o nascer e o morrer, existe o viver, esse mesmo viver deveria de ser diferente!
A eles devemos agradecer, comemorando sempre esse dia de amanhã, 25 de Abril, como a porta para a Liberdade!
PS: Esta semana faleceu um dos mais activos membros da luta pela liberdade dos anos 60, Francisco Martins Rodrigues, membro fundador do CMLP, mas que entrou em clivagem com as politicas seguidas pelo PCP e por Cunhal, mas nunca deixou de ser rosto visivel nas ideologias Marxistas Leninistas, fazendo diversas palestras e tertulias por onde era convidado .
Uma das pessoas mais inteligentes do nosso país independentemente dos seus credos politicos e sociais (a recordar que esteve preso por assassinato de um inflitrado PIDE no Comité Central), certamente gostaria de ter comemorado mais um 25 de Abril!
Ele, que foi dos poucos presos politicos a ser libertado, depois do 25 de Abril...
PPS: Poderia deixar aqui, uma qualquer cançãozita daquelas ditas de intervenção, do Zeca Afonso ou de outro qualquer...Preferi o melhor hino de liberdade social!!!
Aqui vos deixo a minha versão preferida de A Internacional!
De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé de pé não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo ó produtores
Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum
Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
O Crime do rico a lei o cobre
O estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
A opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Queremos que nos restituam
O povo quer só o que é seu
Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos trabalhadores
Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos
Ó parasita deixa o mundo
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol te fulgurar
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé de pé não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo ó produtores
Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum
Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
O Crime do rico a lei o cobre
O estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
A opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Queremos que nos restituam
O povo quer só o que é seu
Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos trabalhadores
Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos
Ó parasita deixa o mundo
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol te fulgurar
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional